No dia 25 de maio, na Comunidade da Capela do Rato, aconteceu mais um momento de partilha da Palavra em dinâmica sinodal. Desta vez a partir da própria Comunidade. A partilha foi preparada pela Equipa de Liturgia (Isabel Vale Rodolfo Knapic, Rita Costa, Joaquim Fragoso, Ana Lúcia Esteves, António Chaves Costa, Teresa Knapic, Cecília Vaz Pinto, Pepe e P. António Martins). O texto final é o resultado da partilha orante da Palavra acontecida em dois encontros. A unidade literária do texto final é da Isabel Vale. A proclamação na assembleia foi feita pela Ana Lúcia.

 

Querida Comunidade da Capela do Rato

Com grande simplicidade nós, Equipa de Liturgia, desejamos cumprir humildemente, um desafio deixado pela Assembleia Sinodal desta Comunidade, em 2023.
Partilhamos convosco a oração individual e em grupo que fizemos a partir da Palavra da Escritura proclamada há pouco.

No VI domingo da liturgia Pascal, um anjo dá-nos a mão e faz-nos voar, para um tempo novo, de horizontes novos: hoje, um anjo transportou-me em espírito ao cimo de uma alta montanha e apontou novas perspetivas ainda não sonhadas, ainda não ousadas.
O anjo mostrou-me a cidade santa de Jerusalém, que descia do céu, da presença de Deus, diz a segunda leitura. A Cidade aproxima-se em voo, desce do céu a pique, na direção dos homens e das mulheres, chega luminosa, brilhante, resplandecente da glória de Deus, da presença de Deus.

Este hoje novo, do Apocalipse, contrasta, no Evangelho, com a palavra de despedida de Jesus: vou partir, mas acrescenta abrindo-nos ao futuro: voltarei para junto de vós.
Jesus ao anunciar a sua partida para a casa do Pai, tem o cuidado de afirmar que não nos abandona, tranquiliza-nos com o anúncio de que o Espírito Santo permanece connosco e que nunca estaremos sós. O Espírito Santo, que o Pai enviará em Meu nome, vos ensinará todas as coisas… Palavra viva, a brotar para além do espaço e do tempo, o Espírito Santo é para nós garantia de fidelidade a Cristo, é memória e futuro da Igreja.

Na leitura dos Atos dos Apóstolos já palpita a vida da Igreja em anúncio, Boa Nova em partida, dois a dois. Podemos sentir a Comunidade em aventura sinodal, o Espírito Santo a ensinar: Perante as dúvidas que se levantam, juntam-se, conversam e dizem claramente: O Espírito Santo e nós decidimos… larguem os ídolos e cuidem das relações humanas com seriedade e humanidade.

 

Centrando-nos no Evangelho de São João partilhamos convosco algumas inquietações, interrogações, perplexidades. Fazemo-lo em jeito de cascata, de forma saltitante, mas na verdade e na procura de coerência de cada um de nós.
Sabemos que a Palavra do Senhor é desafio e compromisso, mas também nos transmite a força e a esperança que nos acompanha e não nos deixa sós.

Jesus, no Evangelho, questiona-nos sobre o nosso Amor a Ele quando usa as expressões: “Quem Me Ama…”, “Se Me amásseis…”
Se O amamos… como Ele nos amou, num amor de entrega de forma ativa, total, até ao fim.

É uma reflexão para que na nossa intimidade, na nossa oração, vejamos como manifestamos o nosso Amor a Deus na nossa vida, nas nossas atitudes.
E se nos parece difícil ver esse Amor, podemos olhar para quem está à nossa volta. O nosso Amor a Deus manifesta-se aí, no amor aos nossos irmãos.

E ficam algumas interrogações:
Como vivemos este desafio que Jesus continua a fazer hoje, a nós que queremos ser seus discípulos?
Como vamos ao encontro dos que encontramos todos os dias, e que nos levam a sair de nós próprios?
Estamos abertos a acolher todos, todos, todos, os irmãos na nossa Igreja?
Como centramos a nossa vida na Palavra de Jesus, que não é mais do que centrar a vida no Evangelho? Como cuidamos da Palavra?

Confiamos na palavra do Senhor que é alimento do amor, entra em nós, na nossa vida, torna-nos morada de Deus e vivemos mais perto de Jesus.

 

Ao jeito de despedida Jesus diz: “Deixo-vos a paz, dou-vos a minha paz.” De que Paz é que Jesus nos fala?
Jesus fala de Paz, mas há muitas guerras, em diversas regiões do mundo. Para quem vive na Europa e nas Américas não parece difícil ser cristão, mas em certas regiões da Ásia ou África, constamos o sofrimento de muitos irmãos cristãos que, apesar das perseguições, tortura, proibições, condenações e morte, não vacilam e se mantêm inabaláveis na sua fé cristã, guardando e espalhando a palavra de Jesus.

“Deixo-vos a Paz” faz-nos evocar as primeiras intervenções do nosso Papa Leão XIV. Para a sua “apresentação” ao povo, escolheu as palavras de Jesus Ressuscitado: “A paz esteja convosco!”

A Paz de Jesus, mais do que a paz do mundo é a que resulta de nos centrarmos neste Deus trinitário, porque sabemos que quando estamos inteiramente em Deus, mesmo no meio das turbulências da nossa vida encontramos Paz nesta morada de Deus em nós.

Não vos deixareis órfãos, deixo-vos a minha Paz e enviarei o Espírito Santo que vos lembrará tudo o que Eu vos disse, vos dará força e vos orientará no verdadeiro Caminho.
Recebemos a Paz interior que nos chega do Espírito Santo, o Consolador que fortalece na esperança e aponta o caminho e prepara para a transmissão do Evangelho.

O Papa Francisco, há um ano na missa da Jornadas das Crianças explicou de um modo simples que Deus (Pai) é quem nos criou, Jesus quem nos salva e o Espírito Santo é quem nos acompanha.

Fica uma última pergunta: Estamos dispostos a espalhar a Palavra de Jesus e a caminhar com o nosso próximo nos Caminhos de Deus?

E rezamos com o salmo 66
Deus nos dê a sua bênção, para o caminho na Palavra, no Amor e na Paz, na companhia do Espírito Santo.