A convite do Dicastério para a Cultura e a Educação, a Comunidade da Capela do Rato, na pessoa do seu capelão, o P. António Martins, esteve presente nas celebrações do Jubileu dos Artistas e do Mundo da Cultura que decorreu em Roma de 15 a 17 de fevereiro. Começou por participar, sábado à tarde, na abertura da galeria-montra situada na Via della Conciliazione, nº 5. Neste espaço expositivo de vanguarda, estão expostos 27 retratos, em aguarela, de rostos de pessoas da comunidade prisional romana Regina Coeli, da autoria do retratista chinês Yan Pei-Ming.

Na manhã de domingo, na Basílica de S. Pedro, concelebrou na celebração eucarística presidida pelo Cardeal Tolentino que leu a homilia preparada para o Papa Francisco, hospitalizado por motivos de saúde. Na noite de domingo, juntamente com os peregrinos inscritos neste jubileu, fez a passagem da Porta Santa. Nesta noite, o Dicastério para a Cultura e a Educação proporcionou aos peregrinos a experiência sensorial de um itinerário espiritual e cultural no interior da Basílica, chamado, precisamente, «Noite Branca». No meio da escuridão ambiente, o peregrino era convidado a identificar focos de luz que iluminavam colunas e estátuas, e a deixar-se envolver pela música de Bach através das notas de um violoncelo.

 

Encontro dos Centros Culturais Católicos

Representando a Comunidade da Capela do Rato, o P. António Martins participou também no encontro de centros culturais católicos que decorreu na tarde do dia 17 de fevereiro, segunda feira, no Dicastério para a Cultura e a Educação. Dos cerca de 300 centros referenciados, estiveram representados 40 (de Itália, Malta, Hungria, India, Inglaterra, Austrália, Estados Unidos, México, Venezuela, Brasil …). De Portugal foi a única presença.

Nos três minutos de «direito de antena», o P. António Martins teve oportunidade de partilhar a história de cultura democrática que tem marcado a Capela do Rato (e isso foi notícia); a prática de fecundo diálogo com a cultura contemporânea (as questões antropológicas da IA, como fizemos este ano) e ser ponto de encontro de artistas, pensadores, escritores, poetas, atores, crentes e não crentes. Na sua breve apresentação referiu ainda desafios atuais que os centros culturais católicos devem responder: «Promover, nos centros locais, oportunidades de livre debate com artistas, acolhendo as suas inquietações, interrogações e criatividade provocatória, pois a arte é um dos lugares por excelência de revelação da nossa comum humanidade; Escutar a voz de escritores e de pensadores sobre as grandes da atualidade, acolhendo o seu contributo para a leitura da complexidade dos sinais do nosso tempo».

Os centros culturais católicos são lugares decisivos, na linha do Vaticano II, de diálogo entre a fé e a(s) cultura(s) contemporânea(s). A sua realidade é muito diversificada. Cada um tem a sua história, o seu contexto, os seus desafios, a sua resposta possível. Uns, procurando pontos de convergência com as atuais realidades antropológicas; outros, assinalando a singularidade profética da mundividência cristã. Há centros que se cumprem numa fidelidade criativa ao Concílio Vaticano II, como a Capela do Rato; outros, na afirmação alternativa de uma cultura católica, por vezes identitária e ideológica, como resistência às culturas envolventes. O encontro serviu, fundamentalmente, para que os responsáveis pelos centros se conhecessem, possibilitando a criação de redes de contactos e partilha de experiências.

O encontro de responsáveis dos centros culturais católicos começou com uma saudação de boas vindas do Cardeal Tolentino. Na sua intervenção, O Prefeito do Dicastério para a Cultura e a Educação assinalou que os centros culturais católicos são lugares artesanais onde se tece a esperança no quotidiano da realidade concreta. Afirmou: «O nosso encontro no contexto do Jubileu da Cultura é um momento que o Dicastério para a Cultura e a educação considera necessário para relançar, aprofundar, sistematizar e clarificar o papel dos centros culturais católicos, que definimos “artesãos de esperança”». Contraponto a dimensão artesanal à dimensão industrial, afirmou ainda o Cardeal Tolentino: «Não existe um modelo industrial [de centro] a replicar do mesmo modo onde quer que seja, mas cada um, fundado em Cristo, procura tecer os fios do evangelho na vida quotidiana». Unifica todos os centros, em sua diversidade, o desejo de radicar esperança na cultura.

Resumo e reportagem fotográfica do encontro (Dicastério para a Cultura e Educação) – https://www.dce.va/it/news/2025/tessitori-dei-fili-del-vangelo-in-vaticano-i-centri-culturali.html

Intervenção do Cardeal José Tolentino Mendonça (clique aqui)

Intervenção do Capelão da Capela do Rato, P. António Martins (clique aqui)