No próximo dia 7 de março, pelas 21h, tem lugar a Assembleia da Comunidade da Capela do Rato, dando continuidade ao processo sinodal a que o Papa Francisco nos convoca. Vamos discutir e aprovar a síntese final, elaborada a partir das propostas dos grupos de oração, reflexão e partilha da Comunidade. Todos e todas sintam-se convocados a participar. Procuraremos discernir que contributo, como Comunidade, queremos entregar à Diocese Diocesana de Lisboa e à Igreja universal. A reflexão dos diferentes grupos teve como ponto de partida os números 4, «Os pobres, protagonistas do caminho da Igreja» e 14, «Por uma Igreja que escuta e acompanha», do Relatório de Síntese da última assembleia do Sínodo dos Bispos (outubro de 2024).
Segue a proposta de síntese final:
SÍNTESE DOS GRUPOS – 2ª FASE DO CAMINHO SINODAL – CAPELA DO RATO
A história da Capela do Rato na sua relação com a sociedade portuguesa, enquadra-se na missão de uma Igreja que escuta, acompanha e onde “todos, todos, todos” têm lugar, como referiu o Papa Francisco na JMJ. Assim, na reflexão sobre o documento da Assembleia dos Bispos de Outubro de 2023 existiram 2 pontos sobre os quais se debruçou esta Comunidade: os pontos 4 e 16.
Ponto 4. Os pobres, protagonistas do caminho da Igreja
A Igreja deve combater a pobreza e ter omnipresente todas as suas formas, com a consciência da pobreza da Terra e da escassez de recursos resultante da sua utilização abusiva; a enorme desigualdade de oportunidades na sociedade portuguesa e no mundo, que gera mais pobreza material e menos acesso à educação e à formação; os imigrantes em condição precária; a fragilidade dos idosos; «os pobres de espírito», os que carecem de sentido para a vida; a pessoa com deficiência e a solidão de tantos.
A Comunidade propõe-se:
- Fomentar e contribuir para a partilha de dons e de recursos entre as várias Igrejas locais e regionais;
- Articular com instituições da Igreja, do Estado e da sociedade civil que já estejam no terreno a atuar nestas vertentes, somando contributos e inspirando outros a seguirem o mesmo caminho;
- Pensar a superação das formas de pobreza, de solidão e de ausência de formação através de processos alargados de escuta e acompanhamento; e
- Conhecer e aprofundar a Doutrina Social da Igreja, através – designadamente –
de um ciclo de conferências que mobilize todas as comunidades para a necessidade da sua aplicação, concretizando a necessidade de compreensão das preocupações, aspirações e sofrimentos, promovendo a justiça social e a solidariedade.
Ponto 16. Por uma Igreja que escuta e acompanha
A missão da Igreja é anunciar a Boa Nova a todos, e esse é um carisma da Capela do Rato, respeitando a diversidade e a individualidade; ouvir, receber e conversar com quem – que por qualquer motivo – se sentiu excluído no seu percurso de vida e de fé. Na Igreja a mesa acolhe todos na sua diversidade, consciente de que todas as vidas são singulares, irrepetíveis e valiosas.
Para melhor acolher e acompanhar, na perspetiva do que a Comunidade pode dar e do que pode receber de cada um dos que escolhem ir à Capela do Rato, quer para as celebrações, quer para outras iniciativas como as culturais, parece-nos importante:
- Aprofundar o conhecimento sobre os membros da Comunidade (valências, formação e níveis de disponibilidade), propondo-se a recolha dessa informação através da realização de inquéritos;
- Criar condições para que as pessoas sem coragem ou possibilidade de falar sejam escutadas, e prestar especial atenção aos que chegam à Comunidade sem dela fazerem parte, através de gestos de acolhimento. Importa manter um discurso quotidiano que, sem julgar, aluda à normalidade que se impõe a pessoas e grupos com menor representação n Igreja e às suas circunstâncias: divorciados, comunidade LGBTI+, imigrantes … O seu acolhimento deverá ser incondicional;
- Dar o tempo de cada um para criar na Capela um espaço aberto a todos, para ouvir e conversar sobre o aprofundamento da Fé e a Missão da Igreja, no espírito histórico concreto da Capela do Rato, interventivo, atual, resistente e pertinente;
- Reforçar a divulgação de serviços já existentes, como por ex. o GEscuta.
A reflexão fez-se também sobre formas de inclusão dos fiéis na liturgia e na vida da Comunidade, na perspetiva de uma Igreja menos hierarquizada, mais igualitária e participada, na qual mulheres e homens colaborem de modo equitativo, em paridade e onde todos membros do Povo de Deus sejam ativos e atuantes.
As celebrações litúrgicas são uma ocasião privilegiada para cultivar o acolhimento e acompanhamento de todos. Na inabalável fidelidade à reforma do Concílio Vaticano II, e à necessidade de que a liturgia seja viva e acompanhe a cultura, importa uma reflexão permanente sobre a Comunidade, criando formas de participação como as petições das orações dos fiéis redigidas por diferentes pessoas da Comunidade.
A inclusão das pessoas com deficiência passa também – na Capela – pela existência de uma Acólita nessa condição, mas existem mais passos a ser dados, propondo-se a instituição, na vida da Igreja, de Novo Ministério de Inclusão da Pessoa com Deficiência.
Sentimos a necessidade de que a voz dos leigos, homens e mulheres, esteja presente nos comentários aos Textos Sagrados, nomeadamente a possibilidade de tal ser realizado nas homilias.
A vida da Capela do Rato é igualmente enriquecida com um Conselho da Comunidade, com um papel efetivo de reflexão, escuta e decisão partilhadas, bem como com a realização anual de uma Assembleia Sinodal.
Pode também fazer o download em versão PDF (clique aqui).