Veja abaixo a gravação da sessão.

A comunidade da Capela do Rato, em Lisboa, vai promover a segunda mesa redonda sobre os abusos sexuais contra menores dentro da Igreja em Portugal. Averiguar os caminhos de prevenção, recuperação e reparação é o objetivo desta reflexão que vai ocorrer no próximo dia 26 de Abril pelas 21h no seu espaço.

Na reflexão participam Alexandre Palma, Padre, Doutor em Teologia e Teólogo, Professor na Faculdade de Teologia da Universidade Católica, onde é Diretor e Investigador do Centro de Investigação em Teologia e Estudos de Religião e membro da equipa formadora do Seminário dos Olivais; Cristina Soeiro, Especialista Superior no Instituto de Polícia Judiciária e Ciências Criminais, Doutora em Psicologia da Justiça, Coordenadora da licenciatura em Psicologia e do mestrado em Psicologia Forense e Criminal no Instituto Universitário Egas Moniz, Vice-Presidente da Associação Portuguesa de Apoio à Vítima. Perita forense em tribunal em casos de homicídio e crimes sexuais; e Paulo Câmara, Partner da Sérvulo & Associados – Sociedade de Advogados, Docente Colaborador na Faculdade de Direito da Universidade Católica e um dos promotores da Vigília de Oração, frente aos Jerónimos, para manifestar a proximidade da comunidade leiga com as vítimas. A conversa será moderada por Lígia Silveira, jornalista que integra a Agência Ecclesia.

«Os escândalos dos abusos sexuais, psicológicos e eclesiásticos recentemente descobertos desempenham no nosso tempo um papel semelhante ao das indulgências que precipitaram a Reforma. Aquilo que inicialmente parecia um fenómeno marginal revela, hoje – como então –, problemas muito mais profundos, a saber, as disfunções do sistema: as relações entre Igreja e poder, entre clero e leigos, e muitos outros. A situação da Igreja Católica, hoje, é muito semelhante à que antecedeu a Reforma.» (HALÍK, Tomás, Ser católico hoje. Prior Velho, Paulinas, 2022)

Em linha com os princípios de uma Igreja que se quer sinodal e a caminho, a reflexão proposta obedece a uma exigência, colocada a todos os batizados, de ajudar a superar o abuso sexual de poder e de consciência dentro da Igreja, tendo sempre no centro a preocupação com a vítima. Espera-se ajudar a viver o presente como um momento de viragem e conversão, atestada por ações concretas que envolvam a todos na Igreja, conforme solicitado pelo Papa Francisco (cf. Motu Proprio – Vos Estis Lux Mundi).

A primeira sessão deste ciclo, que contou com a presença de Francisca Padez Vieira (pedopsiquiatra, perita em dano pelo Instituto de Medicina Legal), José Souto Moura (magistrado e juiz jubilado, coordenador nacional das Comissões Diocesanas) e com a leitura de um texto preparado pela cineasta Francisca Vasconcelos (membro da Comissão Independente), foi muito participada, com a intervenção viva dos membros da comunidade e das pessoas que se sentiram interpeladas para estar presentes. A gravação da primeira sessão está disponível aqui.

A Capela do Rato entende a importância da dimensão da escuta, que implica uma atitude empática para com o outro, mas valoriza também a dimensão do diálogo e do debate que alimenta o pensamento crítico de uma Igreja que se quer inserida na sociedade e com uma voz iluminada pelo Evangelho.