Ensina-nos, Senhor, como se constrói a manjedoura onde nasces
Ensina-nos que duas mãos que se avizinham são uma manjedoura
um abraço tem, sem palavras, aquilo que tem uma manjedoura
uma mesa fraterna que se abre desenha
a forma da Tua manjedoura
Ensina-nos, Senhor, como se constrói a manjedoura onde nasces
Ensina-nos que a misericórdia é a matéria mais apropriada
assim como a gratuidade, o perdão, os reencontros nem sempre fáceis,
a conversa recomeçada depois de uma interrupção dolorosa
o dom que compromete, o gesto de amor
os tráficos tantas vezes renascido da dura cinza
mas que a alegria, a Tua alegria em nós,
faz parecer completamente naturais no seu feliz azul aéreo
Ensina-nos, Senhor, como se contrói a manjedoura onde nasces
arte divina de que a partir de Ti somos capazes
Imagem: Rui Aleixo MMXV
Texto: José Tolentino Mendonça