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A Faculdade de Arquitetura da Universidade de Lisboa (FAUL) atribuiu esta terça-feira o Prémio Professor Manuel Tainha a João Alves da Cunha, que no ano letivo de 2013/14 obteve a melhor classificação em Dissertação no Doutoramento em Arquitetura.

A investigação do membro do Grupo de Arquitetura do Secretariado Nacional da Pastoral da Cultura foi recentemente publicada com o título “MRAR – Os anos de ouro da arquitetura religiosa em Portugal no século XX”.

A obra da Universidade Católica Editora, que vai ser apresentada a 10 de novembro, às 18h30, na Capela do Rato, em Lisboa, pelos prefaciadores, João de Almeida, Diogo Lino Pimentel e José Manuel Fernandes, «procura dar a conhecer a história do Movimento de Renovação da Arte Religiosa (MRAR), fazendo um retrato detalhado da sua ação nas décadas de 1950 e 1960», refere a sinopse.

«Desejando tornar mais próximo e compreensível o percurso histórico deste movimento, considerou-se que a abordagem no estilo narrativo seria a mais adequada. Os acontecimentos estão deste modo apresentados e articulados segundo uma ordem cronológica, recorrendo-se frequentemente à citação de comentários, pensamentos e ideias expressas então, como forma de garantir a riqueza do discurso original», acrescenta a nota.

No texto intitulado “As origens do MRAR”, o arquiteto João de Almeida começa por recordar que conheceu João Alves da Cunha em 2001, quando entrou como estagiário no seu ateliê.

«Cedo se tornou um excelente colaborador e por lá ficou até 2008. Aproximou-nos o seu interesse pela história da arquitetura sacra em Portugal, já que sabia que eu fora nos anos 50 um dos fundadores do Movimento de Renovação da Arte Religiosa, tema por ele escolhido para a sua recente tese de doutoramento, agora publicada em livro, e que ao longo dos anos foi objeto dum estudo exaustivo e muito aprofundado», assinala João de Almeida.

Por seu lado, Diogo Lino Pimentel, igualmente ligado à génese do MRAR, salienta, também à entrada da obra, que «a natureza, o alcance e a projeção» do movimento «estavam por tematizar, analisar e estudar».

O primeiro responsável pelo Secretariado das Novas Igrejas do Patriarcado de Lisboa acentua, ainda, que a investigação vem «colmatar essa falta», motivando «a avaliação do estado atual das artes na Igreja»: «A tese tornada livro interpela algum “adormecimento” pós-concílio, responsável por certa degradação dos termos plásticos, musicais e arquitetónicos em que se exprime a liturgia».

Para Diogo Lino Pimentel, «a par de escassas obras singulares de inegável mérito e qualidade, e de um reconhecível progresso do comportamento e da gestualidade rituais, a liturgia sofre de amputação plástica, por carência artística».

«Os artistas e criadores desinteressaram-se da Igreja e esta desinteressou-se dos artistas. A Igreja, liturgicamente exigente, esqueceu que a liturgia, para além de usar e cuidar a palavra, fala pelas artes visuais e musicais», sustenta.

José Manuel Fernandes, professor catedrático em História da Arquitetura na FAUL, assinala que a tese «consagra em termos científicos – e de forma brilhante» o reconhecimento do MRAR «como um instrumento que historicamente, nos anos de 1950 e de 1960, soube introduzir a plena modernidade nas artes e na arquitetura do campo religioso em Portugal».

O co-orientador da tese, com o arquiteto Nuno Teotónio Pereira, escreve que João Alves da Cunha analisa, descreve e mostra a «fascinante, rica e atribulada sequência de factos e obras, ocorridos no “momento crítico” do Portugal dos meados do século XX”, ligados ao MRAR.

Secretariado Nacional da Pastoral da Cultura – ler artigo completo aqui.