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Maria Conceição Moita foi libertada a 26 de abril de 1974, após seis meses de prisão em Caxias, por participar em ações contra o regime, e partilhou com a Agência ECCLESIA as memórias da revolução.

Desde a manhã daquele dia, as palavras “derrubado” e “coragem” continuam a ecoar na cabeça da professora, que juntamente com o seu irmão Luís Moita integrava um grupo de ativistas cristãos e que viu finalmente o fim do seu cativeiro e o nascimento de uma nova era para o país.

“Foi uma libertação única. Era a minha libertação pessoal depois de uma situação de cativeiro; a libertação do meu país, que tanto desejava; o fim da ditadura e a conquista da palavra “liberdade” que faltava; e depois a libertação dos povos das colónias, uma luta onde estava particularmente implicada”, conta.

Muitos cristãos não compreendiam como é que os “frutos maravilhosos” que tinham surgido “do Concílio Vaticano II” (1962-1965) não tinham ainda chegado a Portugal “de uma maneira manifesta”.

Enquanto as encíclicas do Papa João XXIII e do seu sucessor Paulo VI “apontavam para a grande importância do desenvolvimento humano, da democracia e da vivência em liberdade”, em Portugal os cidadãos viam as suas liberdades “coartadas”.

Um grupo cada vez maior de cristãos” foi “tomando consciência destas realidades e ligando-se entre si”, num movimento que foi ganhando cada vez mais participantes, “de vários quadrantes e com várias sensibilidades políticas”.

Agência Ecclesia – ler notícia completa aqui.

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Maria da Conceição Moita era uma das pessoas que estava presa em Caxias no dia 25 de Abril de 1974. Detida a 6 de Dezembro de 1973, onze meses depois de ter lido, na Capela do Rato, o manifesto dos cristãos que ali decidiram permanecer em vigília de oração pela paz, ela recorda, nesta entrevista à Ecclesia, esses tempos da militância por um país livre, bem como os dias da sua prisão e da libertação.

Na conversa com Paulo Rocha, Conceição Moita diz que a liberdade reconquistada a 26 de Abril, já noite, “teve um significado pessoal enorme”. Era a saída do “cativeiro”, pois já tinha passado por sessões de tortura e dias de isolamento. Mas ela significou também “a libertação do meu país, que tanto desejava” e o “fim da ditadura e a conquista da palavra ‘liberdade’ que faltava”.

As encíclicas dos papas João XXIII e Paulo VI tiveram um papel importante na consciencialização de muitos católicos, recorda ainda Conceição Moita. Esses documentos “apontavam para a grande importância do desenvolvimento humano, da democracia e da vivência em liberdade, o que era incompatível com o que acontecia em Portugal” e com a guerra nas colónias, diz.

“Houve pessoas e marcos de referência. Mas a tomada de consciência da situação em que se vivia aconteceu em grupo. Aí debatíamos e combinávamos como ajudar outros cristãos a tomar consciência destas realidades, concertávamos estratégias para ações concretas”, recorda. “E estas ações foram cada vez mais importantes à medida que nos aproximávamos do 25 de abril. Aumentava o número de participantes, de vários quadrantes e com várias sensibilidades políticas que tomavam medidas quer pessoais quer em grupo para dar volta à situação”, aponta ainda, como também se conta no texto Histórias do catolicismo militante que salvou a Igreja.

Religionline – ler notícia completa aqui.