Após o tempo regenerador das férias estivais, vamos recomeçando a normalidade das nossas habituais atividades. Mesmo no voltar ao mesmo, bem sabemos que voltamos sempre de um modo novo: nada da nossa vida se repete, e esse é o seu milagre. As celebrações dominicais da eucaristia recomeçam, na Capela do Rato, no próximo domingo, 17 de setembro, às 11h.30. No concreto e no imediato, a celebração da eucaristia é a expressão imediata da comunidade que somos e queremos ser. Neste início do novo ano pastoral, dou as boas vindas a todos e a todas e, mais uma vez, vos convoco para o retomar da nossa vida comunitária.

Temos bem viva a alegria e a festa que inundaram Lisboa, e todo o País, na celebração da Jornada Mundial da Juventude. Ficámos todos maravilhados com a organização e a beleza das celebrações. É possível ousar novas linguagem; os tempos presentes desafiam a criatividade e a imaginação. Tudo o que vivemos de belo, de profundo, de alegria, de partilha e generosidade revelaram o melhor e o mais profundo do catolicismo: unidade na pluralidade, encontro festivo de culturas, paixão pelo humano. Bem sabemos que a vivência do quotidiano é dura, por vezes árida, mas a experiência da JMJ anuncia que é possível viver a fé de forma ousada, criativa, sem complexos. A ternura e as palavras tão concretas do Papa Francisco permanecem vivas como apelo a uma Igreja de porta abertas a todos, todos, todos: «A Igreja não é uma alfândega».

Começa no início de outubro a celebração do Sínodo sobre sinodalidade. No processo preparatório de consulta ao Povo de Deus, a nossa comunidade viveu um tempo forte de oração, de escuta, de partilha; demos um precioso contributo sobre luzes e sombras, bloqueios e promessas do nosso viver eclesial. Acompanhando o acontecer do Sínodo, queremos recuperar na comunidade a nossa dinâmica sinodal. Vamos reativar os grupos de oração, reflexão e partilha. Vamos operacionalizar o conselho da Comunidade, constituído pelos representantes dos diferentes grupos e serviços. Queremos adequar o nosso agir à nossa reflexão, dar passos significativos no rumo de Igreja que queremos ser. A isto também nos desafia D. Rui Valério, o novo Patriarca de Lisboa. 

A partir de janeiro vai ter lugar mais uma edição do Curso «Filosofia, Literatura, Espiritualidade», com coordenação científica da Professora Doutora Luísa Ribeiro Ferreira. A edição deste ano será dedicada à memória, essa revisitação do vivido na consciência, entre esquecimentos e recordações. Revisitar a memória, quando ainda há feridas por curar, pode ser doloroso, mas também pacificador. Acolher o grito das vítimas, escutar com humildade a sua narrativa das agressões sofridas, é a primeira etapa de uma reconciliação com o passado. O momento inaugural de uma justiça reparadora. Durante o mês de maio de 2024 vamos dedicar um ciclo de quatro sessões às novas questões antropológicas (eutanásia e fim de vida, inteligência artificial, afetividade e sexualidade…). São novos desafios que se colocam à inteligência e ao agir dos crentes a suscitar também novas abordagens.

Tenho um sonho que partilho convosco e espero vê-lo concretizado no mês de julho de 2024: uma peregrinação pelas abadias da Borgonha (França) onde nasceu e tomou corpo esse movimento de reforma da Igreja que foi, no século XII, a Ordem de Cister. As abadias de Citeux, Claraval, Fontenay, Pontigny… foram focos de renovação da vida monástica, de desenvolvimento agrícola, de inovação cultural e estética (na arquitetura). Gostaria que esta peregrinação pudesse constituir um tempo fecundo na vida da nossa comunidade, na (re)descoberta da frescura da espiritualidade cisterciense. Oportunamente, a partir da resposta da agência, darei informações mais concretas sobre itinerário e preços.  

Façamos nosso o pedido orante do Salmista: «Ensina-nos, Senhor, a contar os nossos dias para que o nosso coração alcance a sabedoria» (Sl 92,12).