O lugar das Igrejas cristãs na reconciliação entre Rússia e Ucrânia

Para avaliar a dimensão religiosa presente na invasão da Rússia à Ucrânia, o compromisso das Igrejas ortodoxas ucranianas em defesa do seu povo, a posição do Patriarca de Moscovo que vê nesta guerra um combate metafísico contra o ocidente corrupto, a Comunidade da Capela do Rato vai organizar, no próximo dia 30 de março, pelas 21.30h, um debate sobre o lugar das Igrejas cristãs construção da paz e na reconciliação entre os povos russos e ucraniano.

Link para entrar na sessão zoom:

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ID da reunião: 845 8370 9507

Senha de acesso: 917924

 

Para a maioria de nós, o começo da guerra foi uma surpresa que, violentamente, nos acordou. O Presidente Putin justificou a invasão da Ucrânia evocando a história de um único território com uma única cultura e religião (ortodoxa), a «Grande Rússia» (Russkii mir). O Patriarca de Moscovo, sem condenar a invasão, fala de um «combate metafísico» contra o ocidente decadente. Não estamos longe da justificação da guerra santa. Nos últimos dias um grupo de 300 teólogos ortodoxos condenou esta ideologia «ignóbil e indefensável» como herética e contrária à tradição ortodoxa. As Igrejas ortodoxas na Ucrânia, em situação de cisma, aliam-se para apoiar a resistência, consolar o povo e fortalecer as tropas. A Igreja greco-católica, renascida da clandestina, expressa um incondicional apoio ao povo e governo ucranianos.

Esta é a verdade: não se pode avançar para um ecumenismo da paz sem antes se avaliar a presença das Igrejas na guerra. No meio da dor, da destruição, dos milhões de desalojados e refugiados, o ódio entranha-se e permanecerá por gerações. A escalada militar adia a esperança de um cessar fogo imediato. No futuro, terminada a guerra, será necessário um longo e paciente caminho de paz e de reconciliação entre os povos russo e ucraniano, onde as Igrejas tão presentes na sociedade terão o seu lugar profético, único, insubstituível:  Porque Cristo «é a nossa paz: faz de ambos os povos um só, tendo derrubado o muro da separação e suprimido em sua carne a inimizade» (Ef2,14-15). «Felizes os que promovem a paz, porque serão chamados filhos de Deus» (Mt 5,9). Estarão à altura do desafio da história Igrejas marcadas por cismas, incompreensões, rivalidades, ataques mútuos e disputa de fiéis?

Um ecumenismo para paz é, no presente e no futuro, tarefa urgente para as Igrejas cristãs na Rússia e na Ucrânia. Mas, ao mesmo tempo, pode parecer ingénuo, dada a crueldade dos ataques. Para aprofundar esta questão tão delicada e fraturante no cristianismo ortodoxo atual, a Comunidade da Capela do Rato promove, no dia 30 de março, às 21.30h, um debate sobre o lugar das Igrejas cristãs na reconciliação entre os povos russo e ucraniano. Contaremos com a participação do Dr Paulo Portas, antigo ministro dos negócios estrangeiros e atual comentador político; do historiador Luís Filipe Thomaz, profundo conhecedor do cristianismo oriental e monge da Igreja ortodoxa da Moldávia, com o nome religioso de Fr. Jerónimo; do jornalista Filipe Avilez, da Ajuda à Igreja que Sofre. Estarão também presentes o P.e Ivan Hudz, da Igreja grego-católica da Ucrânia, Évora; o P.e Sergey Borski, da Igreja Ortodoxa Russa e o P.e Paulo Brandão da Igreja Ortodoxa da Sérvia.

O debate será moderado pelo P. António Martins, capelão da Capela do Rato, e pelo jornalista Pedro Cordeiro, editor de política internacional do jornal Expresso.

 

Alguma documentação para ajudar o debate: