Lígia Rodrigues – Artista Plástica
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Eu baptizo-vos com água,
mas está a chegar quem é mais forte do que eu,
e eu não sou digno de desatar
as correias das suas sandálias.
Ele baptizar-vos-á com o Espírito Santo
e com o fogo.
(Lc 21, 27)
Reconheçamos na voz de João Batista
a recusa de todas as atuais formas de ambição,
desigualdade social e de violência.
Reconheçamos a necessidade de derrubar
todas as hierarquias
para que toda a criatura veja a Salvação.
Luís Miguel Cintra
Memória descritiva
Lendo a composição de baixo para cima e da esquerda para a direita:
O ESPÍRITO ATRAVÉS DA HISTÓRIA
Há uma zona de sombra debaixo das águas, seguida de uma atmosfera branca, densa de significados – “ No início…a terra era informe e vazia, as trevas cobriam o abismo…” “Deus disse: faça-se luz”. E a luz foi feita”(Gn 1. 1,3).
Há chamas que sobem das profundezas dos abismos, e descem em línguas de fogo, atravessando a história, como a presença do Espírito de Deus que “se movia sobre a superfície das águas…” como as línguas de fogo descendo sobre os apóstolos e Maria reunidos no cenáculo após a ressurreição, e como a chama acesa nos nossos corações com o batismo, chama de amor cada vez que amando-nos somos expressão da presença de Deus entre nós, o que faz expandir a vida ao nosso redor.
ÁGUA
Segue-se uma zona de água descendo da esquerda para a direita a representar continuidade. Água de onde nasceu a vida na terra, água que lava, que fala de esperança, de promessa, que anuncia sempre vida nova aos campos irrigados no inverno… João batiza com água. Promete o Reino. Há-de chegar…e as gentes mergulham nas águas do Jordão esperando-o.
LUZ
Luz branca, a Luz do mundo que desce do alto e se prolonga paralela às águas, num mesmo movimento. Luz e água princípios de vida, alimento dessa. Luz que é Palavra. Palavra que faz novas todas as coisas, invadindo-as de Espirito.
FOGO
Na última camada o fogo invade a cena sem cancelar cada parte, como o amor de Deus que sempre se propõe sem se impor jamais, como se o Espirito fosse a Presença que fica, que conta ressurreição, que faz de todos um.
E a eternidade entra na história, o Increado entra na Criação, habita-a, santifica-a, fá-la retornar ao ceio da Trindade.
Este quadro pretende falar de passado, presente e futuro, no já e ainda não, no eterno presente, abrindo-nos sempre Aquele que virá e já está, imenso, dentro de nós, entre nós.
Voltar sempre ali: No inicio era o Verbo…e veio habitar entre nós.
Lígia Rodrigues