A artista Catarina Castelo-Branco, no seu «Grande Retiro» em sua casa na Quinta de Onia – Abrantes, pintou este quadro, inspirada nos bonsais chineses. Trabalho duro, resultado de uma luta entre o vazio e a urgência de criar. E através da foto da sua pintura, deseja a toda a Comunidade do Rato, agora virtualmente alargada, uma Páscoa fecunda.

Esta é uma re-invenção do espaço de dentro- estranha experiência… a pintura é só por si um confinamento… Mas de tão confinada também não se vive! Encontrei por aqui um livro da «Vieira»[1][5] que me ajudou imenso a recentrar-me, a voltar à pintura.

Ela/«eles» [Vieira da Silva e Arpad Szenes] viveram o confinamento da guerra, «apátridas» por terras do Brasil durante sete anos.

Palavras de Arpad: «o homem é uma semente importada de outros mundos».

Este meu quadro é o último da série da exposição «Entre a Flor e a Bruma», cuja inauguração teria sido a 17 de abril de 2020.

Esta pintura é diferente das outras. Tem pouca cor – é um jardim suspenso no tempo; as cores são neutras.

«Entre a Flor e a Bruma»! Jardim do tempo suspenso! Na quadratura do círculo, metáfora do impossível.

Os bonsais foram criados pelos chineses para que, durante o tempo de inverno, pudessem ter a natureza dentro de casa.

Estamos dentro de casa e, curiosamente, procuramos estar junto da natureza. Nunca ela nos foi tão importante e, ao mesmo tempo, tão longínqua. Experimentamos o longe aqui tão perto.

Quinta da Onia / Abrantes

7 abril 2020
 
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[1] Viera da Silva, Arpad Szenes nas Coleções de Serralves, Porto 1989.