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Na Páscoa, os Evangelhos enchem-se de urgência e paixão: «O Anjo tomou a palavra e disse às mulheres: “Não tenhais medo; sei que procurais Jesus, o crucificado. Não está aqui: ressuscitou, como tinha dito. Vinde ver o lugar onde jazia. E ide depressa dizer aos discípulos: ‘Ele ressuscitou dos mortos e vai adiante de vós para a Galileia. Lá o vereis’”».

Urgência da semente que se abre, da pedra que rola, e o sepulcro vazio e resplandecente na aragem da aurora é como um ventre que deu à luz, como o invólucro de uma semente aberta.

Paixão que sustém aquele longo correr de todos na aurora; corre Maria, correm Pedro e João, porque o amor tem sempre urgência; paixão como lágrimas, as de Madalena, que não se resigna à evidência da morte. Amar é dizer: tu não morrerás (G. Marcel).

«Maria estava junto ao túmulo, da parte de fora, a chorar. (…) Voltou-se para trás e viu Jesus, de pé, mas não se dava conta que era Ele. E Jesus disse-lhe: “Mulher, porque choras? Quem procuras?” Ela, pensando que era o encarregado do horto, disse-lhe: “Senhor, se foste tu que o tiraste, diz-me onde o puseste, que eu vou buscá-lo.” Disse-lhe Jesus: “Maria!” Ela, aproximando-se, exclamou em hebraico: “Rabbuni!” – que quer dizer: “Mestre!”»

O Evangelho acompanha passo a passo o desvelar da fé, que começa de um corpo ausente: para onde o levaste? Eu irei buscá-lo… eu, pequena mulher e imenso coração; eu, frágeis braços e indómito amor. Depois, a primeira palavra do Ressuscitado, humilde, comovente, que ainda encanta: «Mulher, porque choras?». O Deus dos céus esconde-se no reflexo mais profundo das lágrimas. E quando fala, sussurra: não chores, amiga minha.

O Ressuscitado recomeça os encontros com o seu estilo único: o seu primeiro olhar nunca se detém no pecado de uma pessoa, o seu primeiro olhar detém-se sempre no seu sofrimento. Inconfundível: é o Senhor!

Secretariado Nacional da Pastoral  da Cultura – ler texto completo aqui